Porque...

Porque.... 


Porque nunca houve paixôes proibidas,
amores proibidos ou outros tantos gostares...
Talvez impossíveis,...nunca proibidos... 
Que ninguém me impeça de transportar
amor, paixão , ou compaixão ...
ou esta loucura de gostar de gostar
de sentir o infinito,
de transbordar de paixão,
de sentir porque sinto...
de imaginar porque sonho ...
e levar comigo o sorriso cúmplice
de quem sente e sonha o mesmo... 



...

SE A LUA FALASSE....








Se a lua falasse....

Ah! Se a lua falasse...
Ela que me escuta,
me ampara as estrelas
que me escorrem do olhar...
e inspiram o seu silencioso voo...
Ela que me abraça
na luz friade inverno
me aqueçe e me afaga
embalando meus sonhos de verão...

Ah! Se a lua falasse....
Ela que me acolhe o pensar
na sua luz de singelas verdades
que me arrepiam o sentir...
Ela que me coloca no limbo
das incertezas vividas
e me mostra o caminho
da paciência atropelada
do meu silenciar....

Ah! Se a lua falasse.....
Ela diria de mim ..
O que não sei ,
e que não digo de mim....

Ah ! Se a lua falasse.....



....

Brincando com o Tempo....




... Brincando com o Tempo ...





Abraço-te no tempo,
roubo-te um beijo 
  como quem pede o tempo que anseia.


O tempo de agora
é um outro tempo
que o tempo que passa não permite ter tempo.


   É agora tempo de amar...
beijar, rir, gargalhar,
inventar e sonhar...


Noutro tempo...
Que não era o meu tempo...
Nesse outro tempo não era eu...


Na intersecção de dois tempos...
Era Silêncio o meu tempo !


...

SILÊNCIO...







 


Silêncio



Encerrando o ruído,um cortinado de brumas 
esvoaçando nas intermitências da brisa
a despertar conversas surdas na folhagem..

O murmurar do rio cavalgando os seixos..
O desafio do mar enrolando-se na estival madrugada...
Gotas de chuva caindo incertas na calçada...
O roçar do vento na terra solta...
O fogo imaginário crepitando feiticeiro
Estrelas inspirando o voo da lua...
A reconstrução da beleza no reenconrtar do mundo....

Ah! O silêncio!...
O silêncio que tudo faz rasgando as páginas do tempo
como abalo sísmico da alma.

Escutando o si lêncio...
Escuto-me!
E eu especialista de ausências e de silêncios...
escuto a tua sombra!

.....



IDENTIDADE ...



Quantas vezes... brigando com o tempo nos encontramos...



IDENTIDADE

Briguei com o tempo,
escondendo mazelas
dentro da minha composta aparência...
Sou tão mais parecida
com quem se apresenta ser distante...
e revelo-me mais humana
aquando me visto de silêncios.

Partilho este segredo
surpreendida em flagrante delito
de ser eu mesma:
Não sou pessoa única,
antes uma multiplicidade
não sei se de almas ,
se de rostos facetados...
uma identidade única
na diversidade interior que me pertence.

Não me matem o espaço
entre a máscara e o rosto
onde a voz é eco
e a palavra esquecida!



(de mim)

Resta-me....






Resta.me o perfume de um nome,
e um não sei quê de um olhar
que me resplandece a mente.

Resta-me a memória de uma caricia,
um madrugar singelo de pele contra pele
que a noite escorrida no tempo amornou.

Resta-me  a saudade  de uma mão,
um toque quase nostálgico de presença
que me avive as horas translucidas do dia.

Resta-me um quase nada do tudo....
Resta.me teimosamente escrever
palavras que lutam e não sejam silêncio.

....





O que ficou....













Despes-me  com o olhar
a veste que o tempo
me gravou os anos..

Descalça de desejo,
inibida de vontades,
estremecida de medos,
escondi-me,
sufoquei ,
ri, chorei, perdi-me
e perdi !






....A porta só encostada...






....A porta só encostada..

Espreito na distancia que nos separa
a imaginação fértil do  teu pensar
Vivencio olhares, carinhos trocados,
relembro palavras , misturo sorrisos
furto silêncios , os nossos,
 roubo memórias,
 palmilho estradas que a noite alumiou
sentada a teu lado,
 te olhos nos olhos dizendo verdades,
as minhas ,as tuas
 as que o tempo eterniza...
São nossas!
Seremos sempre assim....
apaixonados eternos
do poema que somos


 .....

ENCONTREI -TE...








Encontrei-te ...

numa qualquer esquina que o tempo parou.

Vi o teu lento caminhar

sobre o asfalto quente da cidade trazendo nas

mãos o calor que me enleou a cintura

como o laço de cor vermelha que selava

a carta que ficara por escrever

Depositei no teu olhar

os olhos da ínquietude dos olhos meus,

demos as mão no tempo que jurámos ser para sempre

e sentados no mesmo banco da tarde

onde desfiz o laço da carta, escrevemos com timidez

as letras de cor vermelha com a cor das palavras.

Depois,

deixaste o lento caminhar que as palavras

acabaram por calar, e no final de um dia

que o tempo dobrou , o vento levou o quente

do asfalto que os meus olhos molharam

deixando o frio que me levou pela cintura.

QUIS DIZER-TE....





QUIS DIZER-TE....

Quis dizer-te
mais do que sabia,
um pouco mais do que sentia.
Talvez o que nunca disse,
ou só apenas o que já sabias.
Fui buscar palavras simples,
transparências adivinhadas,
as mais puras que encontrei.
E com o sereno anseio
de um silêncio amável
com o sonhar dos meus versos,
dei-tas ao crepúsculo do tempo
como água pura aos teus lábios .
E tu ,
de sabedoria estranha,
olhaste-me com olhos cegos
tão mortais de riso e ironia
tão mudos em cúmplice abandono
que regresso envergonhada
de ter querido dizer
o que nem sequer escutaste.


....

UMA DESPEDIDA .



UMA DESPEDIDA

Frente a frente, num perscrutar de olhares,
e na troca de sorrisos que a distância afasta,
fecham-se na boca as palavras cerradas                                  
Como quem cala o que sente, e não diz.

Desfraldam-se ao vento os sentimentos
trémulos, a transbordar nas lágrimas contidas,
atropelando o sorriso, que as gargalhadas
cruzadas, inaudíveis tornam, as palavras.

E como quem pressente o chegar da saudade,
entrelaça as mãos nas mãos que se estendem,
e prende entre garras o tempo que se escoa.

E naquele instante único, já sem tempo,
diluem-se os olhares, fundem-se os sorrisos,
e surge o último gesto inteiro ,o abraço de quem parte.



....

Esta manhã...




O ar entrou-me ás cambalhotas
 pela janela dentro..
As árvores lavantaram as vozes 
da conversa até então sussurrada...
As pétalas das flores tremiam delicadas,
resistindo a tiritar ao frio..
  E a terra   abrindo as goelas secas
uivou sibilante arrepiada...
Era...
Era só o vento que acordava amuado
e se espreguiçava sem respeito nem piedade!