Quase um gesto de despedida...












 




 Há madrugadas assim....
 ...  no silencio que tudo faz ....



















...e  um anoitecer  imóvel
...onde  só o canto do recolher dos pássaros que por aqui poisam se escuta.



Um dia,  a recordação será  o cansaço do que  não verei,    do que o olhar sonhou, e  do que  as mãos esculpiram sob as asas de um ceu de estrelas e luas.  A regar  este lugar  confidente de silêncios ficará a voz do pranto ,  uma vida inteira.que lhe deu alma.



...e de novo o cansaço...




Estou assim....
Cansada!


Vesti-me de sois , porque só um não chegava.
calcorreei estradas, entroncamentos, desvios, atalhos ruelas
e mais ruas  de um imaginário tão denso como comprimido
que para o encontrar teria que ousar invadir um espaço 
tecido por mãos artísticas, escrito com a linguagem de poetas
avivado de cor, de todas as cores , pinceladas deixadas ao acaso das emoções momentâneas
que coloriram os  dias já passados, 
tão longínquos na memória,
que já não sei se existiram ou não,
que me encantaram, desassossegaram....
Mas não ousei!


Estanquei à porta!


Pelo caminho do tempo, que mais não foi esse, 
perdi-me nos desencontros e nas ausências,
que encontros , apenas se dão com quem sentimos o encontro
e desencontros é o que mais se encontra 
na linguagem onde a palavra é mestra mas esquecida.
Esqueci? Esqueceram?
O vinculo, o fio condutor da motivação
ficou laxo, frouxo demais 
na palavra de quem não quer expressar-se mas exige estímulo para continuar vivo,
ou  dele precisa para viver.
...E ficou o silêncio a  invadir esse espaço...


Dei-me conta que não o habito.
 Esse não é o meu espaço,... eu que sou de silêncios !
Habito o sentir da imaginação como  se estrangeira fosse
ou nem mesmo existisse.
E será que existo??
 Não serei  apenas o fruto de uma imaginação fértil
criado à da imagem do sonho...?...da ilusão?



Nunca possuímos nada nem ninguém.
Temo-nos a nós próprios...
 na imagem com que pintamos a liberdade
e libertamos-nos uns dos outros com real irresponsabilidade!
Porque é tão cómodo, e  tão fácil exigir!


Cansada, sim, ....de silêncios!


De tão cansada parto feita cinzas...
porque cinzenta estou e não sou.
Sou azul do céu em forma de asas que procura no infinito
ser mais que azul, e mais que todos os sois  de que me vesti...
para te dizer:


-Até um dia!







Um pouco de mim....







Pregada ao céu a cor da noite.
Abraço  a luz aveludada da lua
pedindo licença para dormir, descansar horas a fio sem sonhar.
A noite é de lua pálida
O desespero o limite.
Ou a loucura de deixar entrar a noite,
Ou a resistência de  a fechar ao sonho.




Lembranças


(...)


As coisas há muito foram vividas
Há no ar espaços extintos
A forma gravada em vazio
Das vozes e dos gestos que outrora aqui estavam.

E as minhas mãos não podem prender nada.


(Sophia de Mello Breyner)