“A viagem mais comprida é aquela que se faz para o interior de si mesmo.” (Hammarskjöld)





Demorei-me aqui, sentada às portas da memória, da qual por vezes sinto a ânsia de apagar alguns arquivos,... voltar ao estado fetal , à pagina em branco, ao início, ao fundo que está mais longe ainda que o fim ... .



Na ausência completa de ferramentas psíquicas que me permitam o acesso à execução desse acto, como criança que apaga o traço tremido da linha recta , abraço a recordação , respiro-lhe a vontade da permanência , sinto-lhe o desejo de abrigo cativo, respeito-lhe a antiguidade do lugar... 


Sobreponho às antigas imagens , as novas, como se fosse o retocar de uma pintura, o redesenhar da melodia que o tempo interrompeu, e o novo vulto reflectido ganha a dimensão de uma estrela acabada de eclodir no universo ,suspensa do cordão umbilical que o liga à vida, brilhando trémula com a luz imemorial da certeza, que a permanente inconstância é , e será sempre constante.


Um pendular recriado entre passado e presente, tecido nas margens cósmicas do movimento perpétuo da memória que não pode ser apagada , mas apenas revivida nas páginas por desenhar que se emprestam ao sonho, fazendo-me lembrar que os erros, desilusões, e perdas , são a terra firme dos passos colocados no futuro, com a recriação magnífica que só o passado ensina.



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