...EM BRANCO....



...EM BRANCO



Não sei explicar

  a flor branca que  deixaste  

no parapeito da noite  

 a rasgar  o  sentimento que revejo.

O ficar, é silencio escuro...

 Partiste


      A noite debruçou-se

na pegada branca  que ficou
na sombra do caminho
da súbita partida

 escurecendo a luz  da madrugada...
Fiquei.



 Pendurei-me no olhar

  luminoso  de um sorriso

 seguindo-te e os passos

nas pétalas brancas

 sem destino  caídas  no caminho...

Permaneci.


Na urgência de sentir

 as mãos  tocam-se,

arde  a vela branca

na  flor desfolhada

 que  os dedos da  noite orvalharam...

Adormeci.





Tu...





Caminhavas de costas correndo a passos largos
do imperceptível olhar que em ti pousava.
Olhando-te em surdina ,não escutavas nem sentias
que era por ti que chamava , te suplicava o voltar.

Tão distante , no tão absorto egoísmo de ti mesmo
que na volta do teu corpo, tão ausente do momento
tão inconsciente do meu sentir, nem deste conta
que era ainda amor o que sentia.

Olhaste-me olhos nos olhos sem sentimento
falaste sem apego a dois metros de distancia
e nem te deste conta que era um mar de esperança

o que alimentava este ver-te longe sem estar perto
este estar perdida descontente de noites sem luar
esperando a estrela de um único momento teu iluminado.






MOMENTOS...









Deixo-me embalar na fragrância dos sonhos
  e visto-me, a sorrir,  de  silêncios…

Momentos  há de peito fechado.

O escrever custa…..!!

Dispo-me de palavras ,
 de mim e de ti
Só o silencio !.

Escuto o  momento sussurrado:
vou-te buscar,
vem comigo.!
Vou na brisa do vento...
Vou a qualquer lugar!


Com Olhos Verdes






Onde o sol nasce quando aqui se deita,
caminho com a infinita bebedeira
na linha do horizonte deitada,
na vertical do verbo que a levanta.
Beijo a terra que os homens sangram
com ar de sonhadora de moinhos .

Há dias de vento e estrelas frias,
límpidos, onde o olhar são pontes
instáveis , movediças , levantadas,
fechadas, ou abertas a um infinito
onde não há memória
na memória dos meus olhos tristes..

Há dias de silencio branco e papel
onde a ausência do gesto e da escrita
são a distancia de mim, em mim perdida.
Encontro na pegada dos passos percorridos
A sombra do sorriso que deixei ficar
a iluminar o rosto que desenhei a tinta

E há o verde nas montanhas
E as madrugadas de sol poente.
E há uma gota de água sobre o papel,
a perspicácia dos sentidos que prolonga
a melodia que sustento, a lucidez clara,
de querer olhar com olhos verdes,
a brecha escura, que o tempo adivinha.



CHOVE DESDE A MADRUGADA ...


 Chove desde a  madrugada
 um tempo angustiado.
 No peito,
 o peso das palavras abandonadas
 escorrem salgadas    
.
Molho de chuva  as gotas deste pensar
Lume acesso que queima
a  bruma do olhar ausente,
 que de  longe  vigia e espreita
a  espera que  amadurece
a razão sem razão dos sentidos.

 Alma  que  anda sem andar,
Poisa-se no compasso da pausa,
 trilha  incerta os caminhos inseguros,
 e estremece de tão frágil..

Que em braços  de paixão se  levante,
 desta  terra molhada, onde se deita
Porque de incertezas se  faz
Este  caminhar na sombra descoberta.